sábado, 22 de fevereiro de 2014

Regresso a casa

Se há coisa que nos tornamos, com a vida, é saltimbancos. Desde pequenos que andamos de um lado para o outro com os nossos pais, indo para onde vão, quase sempre "sem voto na matéria". Mas, há ali uma altura da nossa vida, em que vamos sozinhos e deixamos para trás as amarras. E, nessa altura, definimos o nosso destino.

Seja qual for a circunstância que nos faz abandonar a nossa casa, rumamos a um novo destino, a um lar que nunca conhecemos e logo nos adaptamos ao novo «casulo». Aprendemos a gerir o nosso espaço, a cuidar dele e a respeitar as paredes daquele que está ao nosso lado. Porque quando vivemos em casas partilhadas, aprendemos a viver com quem gostamos ou não gostamos, começamos a saber o que é lidar com outros hábitos e outras rotinas... Aprendemos a gerir tempo, espaço e emoções.

Depois a vida começa a desenrolar-se e voltamos a mudar de lar ou de cidade. Voltamos a dar de caras com novos ritmos, novas rotinas, novos ambientes. Tudo volta a ser novo! E habituamo-nos. Acostumamo-nos. Para trás fica a nossa casa, a família, as nossas raízes. Voltamos lá de vez em quando, ora com maior frequência, ora com menos tempo. Mas voltamos. Sempre.

A vida, volta e meia, mostra que é irónica. Muito irónica. Passamos uma adolescência a querer sair de casa dos pais, a querer viver uma vida independente, num espaço novo, numa terra nova, sem amarras. Depois, a vida passa, os anos passam e queremos voltar a casa com maior frequência. Para os braços da família, para o quarto que nos viu crescer, para a cama que nos conhece tão bem...

E esse período é sagrado. Ficamos no sofá onde rimos e chorámos, a ver televisão ou, simplesmente, a ver o tempo passar. Saímos de casa para percorrer a cidade que nos viu crescer. Acenamos aos vizinhos que vão envelhecendo... Tudo se vai alterando, mas ao mesmo tempo, sabe sempre tão bem regressar e respirar o ar de outros tempos. E sabe ainda melhor os mimos de quem nos conhece tão bem... por mais que nos tenhamos tornado adultos!

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Primeira semana: check!

Começou. E já passou. Pelo menos a semana já passou. Uma semana cheia, recheada, em pleno. Uma semana que me deixou de rastos, mas, ao mesmo tempo, me deixou tão vivo. Senti-me útil, profissional, competente e, acima de tudo, um guerreiro. Porque não desisti.

O caminho foi longo. Cheio de altos e baixos, cheio de curvas e contratempos. Umas vezes a suportar, outras a desesperar. Com lágrimas e suor, com sorrisos a esconder a angústia. A angústia de se aguardar eternamente por uma resposta, pela luz ao fundo do túnel.

E essa luz surgiu. Essa luz brilhou. E o novo desafio iniciou-se com uma nova rotina, novos rostos que se juntaram a outros já conhecidos e alguns familiares, a par das novas tarefas. As tarefas que seriam uma constante prova, o estar à prova do que se é capaz. Que não se pode desiludir, que tem que se mostrar que valeu a pena terem apostado todas as fichas.

Não quebrei. Não desisti. Não fiquei pelo caminho. Toda a fé e esperança valeram-me o ressuscitar de uma réstia de essência. E esse bocadinho de essência permitiu que não tivesse perdido a agilidade, a competência, o «desenrasque»! No fundo, permitiu que ainda conseguisse manter-me igual a mim próprio.

A primeira semana foi cansativa. Muito cansativa. O embate do regresso à vida totalmente preenchida valeu-me a concentração, o estar focado num só objectivo. Esquecer tudo e todos. Viver exclusivamente para o que agora conquistara. Mas, todo esse cansaço, soube bem. Todo o cansaço provou que, se acreditam em nós, nós temos que mostrar que nos entregamos de corpo e alma.

Agora, o caminho, é o do renascer. Trazer à tona a auto-estima, a coragem, a alegria. O estar bem onde se está. E, no fim, dar valor ao que se conquistou. Porque a luta não foi fácil. Mas, também, não foi em vão.