domingo, 18 de janeiro de 2015

Cansado...

Estou assim, neste final de semana (ou será início?)... cansado! Cansado fisicamente. Com o corpo a doer, com a cabeça a pedir descanso, com as pernas a implorar por uma cama macia. Depois de uma semana a "renascer das cinzas", o final dessa semana trouxe o embate da nova aventura, da superação, da aceitação por uma etapa diferente de todas as que já passei.

Decidi aceitar um novo desafio profissional. Sabia que não só seria diferente de tudo o que já fiz, como exerceria funções totalmente distintas daquelas que desempenhara em todo o meu percurso. Confesso que não hesitei. Quis ir à luta. Não é de mim baixar os braços e apesar da incerteza do que aí viria, não me amedrontei e encarei de frente o que vinha na minha direcção. E, a partir de agora, o que tiver que ser, será!

Os (re)começos nunca são fáceis. Pessoas novas, métodos distintos, ritmos diferentes. Só alguns conseguem acompanhar todos os passos e encarar sem medo as reprimendas das primeiras falhas. Quem supera essa difícil etapa, está pronto para seguir em frente, ciente de que os próximos desafios continuarão a ser duros. 

Sim, é difícil manter a cabeça erguida e convencer-se de que não se é um falhado. Que os buracos do caminho não são um atentado ao nosso orgulho, mas um desafio à nossa resistência. Que as falhas são normais, que quem não erra é porque não vai à luta, que só quem não se desafia não aprende a caminhar pelo caminho da diferença. E fazer algo diferente é desafiante, é mostrar que afinal se está vivo e pronto para a batalha!

Estou assim, cansado. Mas animado. Depois do primeiro embate, ouvi palavras de apoio. Apesar de ter corrido para engrenar numa máquina oleada, sinto que não desiludi quem apostou em mim. Que o saldo desta primeira semana é positivo. E agora, depois da reflexão e análise de uma primeira semana de um caminho novo, posso descansar. Mas não me encostarei, pois ainda há muito para provar!

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Charlie está no meio de nós

12. 7. 5. 2. São estes os quatro números que não se podem esquecer. Que carregam consigo um ataque que feriu o Mundo. Um ataque que nos quer calar. A todos. Porque "somos todos Charlie".

Bastaram 5 minutos para que 2 homens matassem 12 pessoas a 7 de Janeiro no coração de França. Em Paris. Destes números, estão oito jornalistas do Charlie Hebdo que, com humor, puseram sempre o dedo na ferida, em nome da liberdade de expressão. Uma liberdade contra o silêncio, o medo, a opressão. Uma liberdade ambicionada durante anos, décadas, pela qual tanto sangue foi derramado. E ontem, em pleno século XXI, voltou a jorrar sangue em nome do silêncio.

Por trás deste ataque bárbaro estava uma louca vontade em vingar o Profeta Maomé. Mas matar em nome do Profeta não faz, também dele, um assassino? Qual é o Profeta, seja do ponto de vista de qualquer religião, que quer ver alguém morrer a sangue frio? Não sei se apelar à sensatez é pedir muito a esses homens de negro, sem rosto, cujas caras começam a revelar-se um pouco por todo o Mundo na comunicação social. E o que será que vai na cabeça desses homens, fechados e perdidos num tempo, cujas crenças passam por puxar o gatilho de uma arma?

O Profeta Maomé, também ele, foi perseguido no seu tempo por ter dito o que pensava, por ter pronunciado uma mensagem que apelava à protecção de duas religiões, o Judaísmo e o Cristianismo. Fora, então, perseguido pelos habitantes de Meca e, inclusive, pelos seus seguidores, que o fizeram abandonar aquela terra em 622. E, agora, em 2015, deparamo-nos com um contra-senso. Como se pode querer calar alguém em nome de um outro alguém que teve que fugir da sua terra com medo de represálias pelo que pensava e proferia? Como se podem agora empunhar armas, sem qualquer racionalidade ou como forma de julgamento, em nome de uma religião? Quereria o Profeta Maomé que se treinasse para disparar, sem hesitar, em nome da religião que criara, o Islamismo?

Sem dó. Sem piedade. 12 pessoas morreram assim, para preservar uma conquista que carrega a luta de gerações. Foram tantos os que lutaram noutros tempos, sem artilharia pesada, sem armas de guerra, para que hoje pudéssemos ter o direito de falar, de nos exprimirmos, de sermos livres. De sermos quem somos. De termos a possibilidade de sair à rua e dizermos, sem medo de represálias, o que pensamos.

E o medo, esse, pode ter voltado a surgir. Mas seremos mais fortes. Não nos calaremos. Não daremos um passo atrás, nem cederemos face ao terrorismo. Sem armas, mas com palavras, uniremos os povos para preservar o que foi conquistado, esse bem tão precioso que é a liberdade de expressão. E estas mortes, numa dia que fará parte da História, manterão vivas a vontade e a necessidade de, todos nós, termos liberdade. A partir de agora, há um nome que não se poderá esquecer: Charlie. Um nome que simbolizará a luta contra o terrorismo, nessa luta sem armas. Um nome que, a partir de agora, estará para sempre no meio de nós.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

2014 já lá vai!

Criei o Amarrotar no fim de 2013, como quem marca o início de uma nova etapa. Não era já, de todo, uma resolução de ano novo nesse 2014 que estaria prestes a começar! Era, sim, a expressão da vontade em criar um espaço pessoal, como quem dá um pouco mais de si a um tempo que se quer só seu. É isso: criei um espaço para me exprimir e para ocupar alguns dos meus dias. Ou algumas horas de uns dias menos preenchidos.

Mas com o chegar do novo ano, chegou também uma nova etapa que me levou para longe deste meu espaço. Compreensível, pois essa nova etapa há muito que era desejada, ambicionada, sonhada. Esperei tanto por essa nova fase na minha vida... Qual fénix, renasci e fui à luta, mostrei a minha garra, a minha essência e provei que não se chega onde se quer se não se lutar. A subir os meus próprios degraus, sem ajudas ou facilidades, fui em frente. Aprendi muito - oh, se aprendi! - valorizei, ignorei, esperancei-me, desiludi-me. E caí. 

Depois de muitas batalhas, fui conhecendo as pessoas. Fui percebendo os meandros do meio em que me inseri, o meio que constrói esta área a que me entrego profissionalmente. Fiz amigos, dei provas do meu talento, errei e acertei. E, mesmo percebendo as jogadas e as regras do jogo, mantive-me fiel a mim próprio, à minha essência, dando mostras do meu carácter. Fui julgado, (mal) interpretado e desvalorizado. Fui abaixo e levantei-me. Outra vez. Como sempre. 

A aprendizagem não nos faz aprender mais enquanto peões num jogo que se faz diariamente; ajuda-nos a sobreviver nesta selva, onde outros peões jogam à sua maneira para se manterem no tabuleiro. E, conhecendo cada vez melhor as pessoas, do que são feitas e do que são capazes, vamos percebendo o nosso caminho e o que queremos fazer para chegar ao nosso destino. Há sempre vários caminhos - uns melhores, outros piores - e só nós sabemos qual seguir, para chegar cedo ou tarde à meta. E chegar cedo não significa ser-se melhor; pode significar ser-se pior... em carácter, em lealdade ou em sinceridade. Somos nós que escolhemos ser quem somos.

Depois de uma nova aprendizagem, virei a página. Agora, tenho outra em branco, pronta a ser preenchida, com novas ensinamentos, com novas experiências. Num sinal de novo ano, de novos tempos, de novos ventos. Porque não desistir é não só um sinal de resistência, como de valentia. E só alguns teimam em ser valentes... mas até quando?