segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Asneiras entre amigos

Alguém inventou que o domingo era o dia reservado para a família. Aquele dia em que pouco ou nada se faz, mas que, apesar de apenas se garantir o mínimo, esse mínimo será passado em família. Depois há os casos em que a família está longe e, nessas situações, os familiares de sangue são «substituídos» por aqueles que a vida nos deu: os amigos. O importante é que esse dia não deixe de ser especial.

Acordar tarde a um fim-de-semana é sempre bom. Nomeadamente ao domingo, quando alguém implementou que esse dia da semana haveria de ser diferente dos outros todos, onde é permitido que cada um se arraste e faça o que quiser à velocidade que bem lhe entender. Mas, melhor que tudo, é acordar fora de horas e receber uma mensagem ou um telefonema que promete fazer do dia, que quase já vai a meio, especial.

Tirar o pé - e o corpo todo! - da cama à hora de almoço é fazer da primeira refeição um brunch. Mas demorar um bocadinho mais, faz com que o almoço seja feito à hora do lanche! E correr entre um restaurante e outro, na tentativa vã que se deixe encher o estômago depois das 15:00, é a aventura. Isto porque (também) alguém estipulou que aquela é a hora limite para se almoçar, mesmo a um domingo.

Quando se quer muito uma coisa, é muito provável que ela se alcance. Ou não! Mas há sempre quem tenha sorte, principalmente quando se tem cabeça para pensar em alternativas. E, quando «derrotado» pela probabilidade se consciencializa que não se vai conseguir atingir o desejado, o improvável acontece: o almoço, com o «estômago colado às costas», faz-se quase a meio da tarde. Enche-se os estômago, entre confidências, lamentações e revelações de amigos. Porque à mesa, com um prato de comida à frente, tudo se pode dizer. Todos são felizes.

Só os amigos sabem o que dizer quando, com a consciência pesada da barriga cheia, se toma noção da balança. As dúvidas, os medos e os receios. O pânico. A gordura que não se quer, o peso que se perdeu e não se pode recuperar... Tudo é dramático, principalmente quando se pensa no próximo pecado da gula depois daquele almoço excessivo e demorado. Mas o amigo, esse companheiro das «loucuras», sabe o que dizer para se atenuar a culpa e se avançar para o acto que se segue.

A tarde vai longa e a noite chegou. Apesar da barriga cheia, pensa-se num jantar leve. Aquele jantar que não valeria a pena, mas que a cabeça manda «enfiar-se» alguma coisa cá para dentro. E o amigo, presente, lembra que se pode avançar para uma sobremesa, quiçá um gelado. E, com um copo recheado à frente, voltam as gargalhadas, as cusquices, as lembranças e as saudades. As saudades de outros tempos, do início da amizade, do que já se passou e se promete passar... uns ao lado dos outros. Como sempre. Por mais que se passem os anos.

Dias assim são raros. Porque a vida, sempre cheia, sempre acelerada, sempre com adrenalina, faz com que os caminhos daqueles de quem se gosta se afastem. Mas lá à frente, depois de uma curva, pode haver um cruzamento e todos voltar-se-ão a encontrar. Porque os amigos estão ali, depois das curvas desta vida que nunca segue por um caminho recto. Para apoiar, para ajudar, para dizer aquelas palavras que sempre se quer ouvir. Porque, no fundo, um amigo é uma bênção, pois a amizade consegue ser mais forte que os laços de sangue.

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