segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Adeus!

Mais uma contagem decrescente! Uma semana separa a contagem decrescente para o Natal daquela que é feita para nos despedirmos do velho ano. E, mais uma vez, os olhos concentram-se no relógio que marca as horas de um tempo que nunca pára.

Vamos despedir-nos de um ano que está mais do que vivido. Um ano que, para alguns, valeu a pena e, para outros, está mais do que na hora de acabar. É então chegado o momento da retrospectiva, do balanço, da reflexão. É a hora certa para arrependimentos, para largar as mágoas, para chorar o que ainda não foi chorado... Que se entre com o pé direito no novo ano!

A esperança marca presença nesta recta final. Esperança num novo ano, na vontade que venham ventos melhores, que a maré acalme. Acredita-se sempre que é desta que o sol vai nascer para todos. Que é chegada a hora de triunfarmos, depois da tempestade atravessada.

Ultimam-se os preparativos. A passagem de ano tem que ser épica. Como sempre. Porque só uma vez no ano é que se festeja assim o fecho de um ciclo e o começo de outro. Com direito a champanhe, às doze passas, aos confetes, à música nas alturas, aos adereços e à comida à fartazana! Uma noite de embriaguez de espírito alegre, onde as almas, revitalizadas, abraçam o novo tempo.

O fim está próximo. O tempo está a sumir-se. As horas estão a esgotar-se. Irão surgir as habituais notícias de um Mundo que, ao seu ritmo, vai trazendo aos poucos o novo ano ao planeta. E, em breve, o calendário vai mudar. É chegado o momento de largar o que deve ficar para trás. É chegada a altura de dizer adeus.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Acreditar num novo amanhã

Há sentimentos que não se explicam. Que não se verbalizam. Que não se exteriorizam. Estão cá dentro, bem no interior do nosso ser. Há uns que nos corroem, é certo. Mas há outros... Há outros que são bons, bons de mais. Acalmam-nos e enchem-nos de esperança. De esperança num novo amanhã.

Deve ser da época. Desta altura do ano, em que a chuva cai por entre as luzes psicadélicas que enfeitam as ruas. Estas ruas decoradas a rigor, lembrando o Natal e o novo ano que se avizinha. Deve ser destes dias em família, do coração cheio de afecto, da energia positiva que paira no ar.

Este sentimento é tranquilizador. Faz-nos acreditar que melhores dias virão, que está para breve uma grande mudança. Que a vida pode entrar nos eixos. Faz-nos crer que o pior já passou, que chegou a vez de encontrar um rumo. Um rumo certo, sonhado, desejado. Um caminho mais próspero, cheio de luz.

O fim de um ano traz consigo a esperança. A esperança que aquele que está prestes a nascer seja melhor. Acredita-se, sempre, que há-de ser melhor. Que se vai alcançar o que se deseja, o que se ambiciona, o que se sonha. Porque quem acredita, vive melhor. Vive com um coração iluminado, cheio de fé, repleto de paz.

Acreditar que o caminho tortuoso, aquele que se percorre, irá chegar ao fim, é fundamental para se ir mais além. Para se encontrar a paz interior. Para se sentir rejuvenescido. Porque como o sol quente que rasga o horizonte trazendo um novo dia, quem acredita num novo amanhã nasce de novo. Nasce para a vida. 

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Morte ao bacalhau!

Contagem decrescentes. Está a chegar o dia. O grande dia. Aquele dia que todos aguardam, por mais que haja gente que o comece a detestar: porque trabalha quando todas as famílias estão reunidas ou porque, simplesmente, não tem a família perto. Mas, generalizando, todos aguardam por este dia que, quer se queira quer não, está presente em toda a parte a sua chegada.

O Natal está à porta. Falta pouco. Falta muito pouco. E o frenesim está instalado, porque não há tempo, porque nunca há tempo. E, por mais que houvesse, seria sempre pouco. Porque à última da hora é que toda a gente faz tudo. É que se compra o que se podia ter comprado há dias atrás, mais o que se tem que comprar agora. Formam-se filas, amontoa-se a comida feita e os produtos para confeccionar outras refeições. A lista feita, com os bens essenciais alinhados, começa a ser riscada à medida que o carro de compras do supermercado se vai enchendo. Nada pode faltar!

A árvore de Natal, enfeitada a rigor, está despida de presentes que não se amontarem debaixo dos seus ramos. Aqueles presentes escondidos das crianças que, na sua inocência, acreditam que o senhor de barbas, barrigudo e vestido de vermelho, as vai trazer na noite da Consoada. Aqueles embrulhos que, miraculosamente, vão surgir na hora de serem abertos, depois de ecoar o Oh! Oh! Oh!.

Na rua, ouvem-se as conhecidas canções de Natal, a acompanhar as iluminações que chegam nesta época. A televisão, a lembrar a época festiva, estreia filmes. Aqueles que vimos no cinema, mais os que ficámos de ver. A família, reunida à noite, acompanha a programação especial, entre conversas, risos e o sono que começa a chegar, da barriga cheia do jantar.

O jantar, igual ao de todos os anos na véspera de Natal, tem sempre a mesa cheia. Com o tradicional bacalhau a abrir as hostes antes de nos refastelarmos com os doces típicos. Aquele bacalhau que virou moda amaldiçoar. Porque não se gosta, porque «não me apetece», porque se prefere outra coisa. Como se se comesse bacalhau cozido numa noite, ao jantar, viesse o mal ao Mundo! Como se noutra época do ano não se comesse bacalhau e no caso de haver quem não o coma de todo, esse alguém vá apanhar uma indisposição por comer um bocado desse peixe com batata cozida! É o boicote à tradição, ao espírito natalício, por mera infantilidade e falta de bom senso. Mas é Natal e a infantilidade é permitida. Afinal, quem não gosta, mesmo lá no fundo, no fundo, no fundo, do Natal?

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Quando a injustiça vira lei

Já não me chocam as injustiças que, por vezes, sinto que passo. É normal, nos dias que correm, onde há «dez cães a um osso», que quem fique com o osso não seja o cão mais forte. Nem o mais eficaz. Nem o mais competente. Não me choca que, no meio desta guerra sem lei, se usem todas as armas.

Às vezes quero não me chocar com certas e determinadas injustiças. Quero convencer-me de que são «normais», de que já «vale tudo», de que não há espaço para inocências. Que é obrigatório estar-se preparado para tudo, para «o que der e vier», para que não sejamos apanhados na curva. E, fundamentalmente, é essencial estarmos um passo à frente de todos os outros.

Eu tento não me chocar com as injustiças. Juro que tento. Mas às vezes não dá. Às vezes não consigo. Às vezes é mais forte do que eu. E fico abismado com elas. Porque também não conto que, numa esquina muito próxima, esteja sempre alguém pronto a «pregar partidas». Porque quero acreditar que as cartas estão lançadas e que não há batota. Mas há sempre espaço para a batota. Há sempre espaço para o bluff.

É difícil ficar alheio quando a injustiça assola uma pessoa muito próxima. Porque, no fundo, quando é comigo já estou habituado. Ah, se estou! Mas, quando é com alguém de quem gosto, dificilmente estou a contar. Não estou preparado. Não estou alerta. E aí o embate é grande. Porque me envolvo, porque me revolto, porque partilho da mesma emoção. E não me conformo.

Estamos mais que habituados a olhar para o nosso próprio umbigo e chega-nos a ser indiferente as barreiras e os obstáculos dos outros. Porque estamos sempre mais preocupados em sobreviver. Porque a vida tem mais ratoeiras que aquelas que deveria ter. Mas, no nosso caminho, vão-se cruzando pessoas que, no fim, fazem isto tudo valer a pena. E é com essas pessoas que nos devemos preocupar. E dar força. E estar lá quando é preciso fazer frente às injustiças da vida. Porque se a injustiça virou lei, a força de vencer virou uma arma.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

O segredo está na essência

Com o avanço dos anos, com o crescimento, transformamo-nos. Mudamos quem somos, alteramos a nossa personalidade, vamos crescendo com os trambolhões da vida. Caímos e levantamo-nos. Resistimos. 

O passar dos anos torna-se, então, numa prova à nossa identidade. Perceber quem somos, descobrir para onde queremos ir, saber pelo que havemos de lutar é a grande missão. Uma missão que, por vezes, se revela dura. Para corajosos. Pois no caminho, por vezes, esquecemo-nos de quem somos. Deixamos de nos reconhecer. Perdemo-nos de nós próprios.

O problema é quando nos perdemos de nós próprios. Quando começamos a ter saudades de quem fomos. Da nossa essência que sempre nos distinguiu, nos caracterizou, nos marcou. Saudades da sonoridade da nossa gargalhada, do trejeito do nosso sorriso, da verdade do olhar. Da nossa marca enquanto Ser com personalidade.

Sermos fiel a nós próprios requer trabalho. Um trabalho psicológico difícil, de quem não sofre com as paredes invisíveis em que se embate ao se errar. Porque é importante ser-se resistente, não duvidar, não deixar que nos digam como havemos de ser. Não esquecermos do caminho que trilhámos, da vida que escolhemos, dos esforços que fizemos para chegar onde chegámos. Da garra de quem sempre esteve pronto para a guerra.

O segredo para se vencer quando somos postos à prova, mais uma vez, depois de sucessivas batalhas perdidas, está na nossa própria essência. O trunfo é deixarmo-nos levar, esquecermos tudo e todos, ignorar as vozes vãs. E, assim, lutarmos com a arma mais forte que temos: a nossa verdadeira identidade. Porque ao sermos, verdadeiramente, como somos, sem máscaras, sem medos, sem receios, mais facilmente estaremos perto de alcançar a plenitude. Mais depressa conquistaremos o que tanto ansiamos. Basta acreditarmos. Em nós próprios!

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Luz ao fundo do túnel

A esperança é a última a morrer. É verdade, mas é também a primeira que mata. Mata, principalmente quando o que esperávamos que se concretizasse, afinal, não passava de uma simples miragem. E, aí, mata cá por dentro, corrói os sentidos, acaba com a força que ainda se tinha. Força para lutar, para viver, para vencer.

Há sempre uma luz ao fundo do túnel. De quando em vez, no caminho escuro e tenebroso, surge uma luz. Às vezes forte, outras vezes com pouca intensidade. Mas que nos alimenta a esperança e a vontade. A vontade de sair dessa estrada ao ziguezague, desse local em que caminhamos. Em que definhamos nos nossos obscuros sentimentos. E, essa luz, aparece para trazer de volta a vontade perdida, a vontade roubada, a vontade de lutar pelo que se quer alcançar.

Muitas vezes, mais que aquelas que se desejaria, a luz apaga-se. Porque não se concretizou o desejado ou, pior, porque alguém a apagou. Revela-se que, afinal, tudo foi em vão e volta-se à caminhada. Mas, apesar de difícil, os calos ganhos com o hábito de se pisar esta estrada faz com que tudo seja menos doloroso. Porque, mesmo às escuras, a estrada já não é desconhecida.

O que é importante nestas estradas escuras, nestes túneis, é que, por vezes, se veja a claridade. A claridade sábia de nos trazer à razão, de nos fazer pensar e acreditar. Afinal, nem tudo pode estar perdido. E, fundamentalmente, não nos podemos perder. Não podemos chegar a um beco sem saída. Temos sempre que caminhar em direcção à luz, acreditando que havemos de vencer esta etapa, feitos guerreiros. Porque quem acredita, alcança. E a luz ao fundo do túnel, um dia, há-de surgir. E, finalmente, será alcançável.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Asneiras entre amigos

Alguém inventou que o domingo era o dia reservado para a família. Aquele dia em que pouco ou nada se faz, mas que, apesar de apenas se garantir o mínimo, esse mínimo será passado em família. Depois há os casos em que a família está longe e, nessas situações, os familiares de sangue são «substituídos» por aqueles que a vida nos deu: os amigos. O importante é que esse dia não deixe de ser especial.

Acordar tarde a um fim-de-semana é sempre bom. Nomeadamente ao domingo, quando alguém implementou que esse dia da semana haveria de ser diferente dos outros todos, onde é permitido que cada um se arraste e faça o que quiser à velocidade que bem lhe entender. Mas, melhor que tudo, é acordar fora de horas e receber uma mensagem ou um telefonema que promete fazer do dia, que quase já vai a meio, especial.

Tirar o pé - e o corpo todo! - da cama à hora de almoço é fazer da primeira refeição um brunch. Mas demorar um bocadinho mais, faz com que o almoço seja feito à hora do lanche! E correr entre um restaurante e outro, na tentativa vã que se deixe encher o estômago depois das 15:00, é a aventura. Isto porque (também) alguém estipulou que aquela é a hora limite para se almoçar, mesmo a um domingo.

Quando se quer muito uma coisa, é muito provável que ela se alcance. Ou não! Mas há sempre quem tenha sorte, principalmente quando se tem cabeça para pensar em alternativas. E, quando «derrotado» pela probabilidade se consciencializa que não se vai conseguir atingir o desejado, o improvável acontece: o almoço, com o «estômago colado às costas», faz-se quase a meio da tarde. Enche-se os estômago, entre confidências, lamentações e revelações de amigos. Porque à mesa, com um prato de comida à frente, tudo se pode dizer. Todos são felizes.

Só os amigos sabem o que dizer quando, com a consciência pesada da barriga cheia, se toma noção da balança. As dúvidas, os medos e os receios. O pânico. A gordura que não se quer, o peso que se perdeu e não se pode recuperar... Tudo é dramático, principalmente quando se pensa no próximo pecado da gula depois daquele almoço excessivo e demorado. Mas o amigo, esse companheiro das «loucuras», sabe o que dizer para se atenuar a culpa e se avançar para o acto que se segue.

A tarde vai longa e a noite chegou. Apesar da barriga cheia, pensa-se num jantar leve. Aquele jantar que não valeria a pena, mas que a cabeça manda «enfiar-se» alguma coisa cá para dentro. E o amigo, presente, lembra que se pode avançar para uma sobremesa, quiçá um gelado. E, com um copo recheado à frente, voltam as gargalhadas, as cusquices, as lembranças e as saudades. As saudades de outros tempos, do início da amizade, do que já se passou e se promete passar... uns ao lado dos outros. Como sempre. Por mais que se passem os anos.

Dias assim são raros. Porque a vida, sempre cheia, sempre acelerada, sempre com adrenalina, faz com que os caminhos daqueles de quem se gosta se afastem. Mas lá à frente, depois de uma curva, pode haver um cruzamento e todos voltar-se-ão a encontrar. Porque os amigos estão ali, depois das curvas desta vida que nunca segue por um caminho recto. Para apoiar, para ajudar, para dizer aquelas palavras que sempre se quer ouvir. Porque, no fundo, um amigo é uma bênção, pois a amizade consegue ser mais forte que os laços de sangue.